O mundo se
divide entre quem aceita algo, quem não aceita algo, quem não aceita que alguém
possa aceitar algo e, finalmente, quem não aceita que alguém possa não aceitar esse
algo.
Dessa divisão surgem
milhares de segmentações como: quem ama quem aceita algo, quem odeia quem não aceita
algo, quem ama quem não aceita que alguém possa aceitar algo, quem ama quem não
aceita que alguém possa não aceitar algo e assim por diante.
Sabendo de
antemão que esse algo pode admitir ainda mais variáveis, as
possibilidades de aceitar ou não, amar ou não, odiar ou não, se tornam comparáveis
à quantidade de vezes que um indivíduo inspira e expira desde a primeira
infância à morte.
Diante de toda
essa quantidade de “algos” para aceitar ou não, amar ou não, odiar ou não,
corra, se apresse! Quer passar a vida sem opinar sobre a maior quantidade de tópicos
possíveis?
Afinal de
contas, o que será do casal gay que mora ao seu lado com o pequeno buldogue francês,
Napoleão, se não souber que você não aceita essa relação? O que será da advogada
se não souber que você aceita que, ‘mesmo sendo mulher’ [sic], ela possa te
defender na pequena causa em que se envolveu? E a mercearia que você parou de
frequentar devido à posição política do dono? O que será da vida desse
comunista se não sentir seu ódio? O que pode acontecer com eles?
Simplesmente
nada! Aceitar, repudiar, amar e odiar questões pessoais alheias – que nada
interferem na sua vida – não te torna um defensor da nação, um super-herói,
muito menos um patrono da boa índole. Torna-te um intrometido, um cabeça dura,
um falastrão, um chato.
Aceite o fato de
que a maioria dos acontecimentos diários ocorre mesmo sendo contrários à sua opinião,
quer você queira ou não. O ódio não muda nada. E o amor vale mais se assumido no
seu sentido amplo, sem “apesar de”, nem “independente de”. Eis então a síntese da parcela, ainda não mencionada aqui, que deixa os fatos, as pessoas e o amor serem
e ponto.